segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
NAO DEIXEM DE LER ESTE ARTIGO - (nao está tudo bem nao)
Uma droga de situação - http://www.otempo.com.br/jornalpampulha/colunas/?IdEdicao=223&IdColunaEdicao=1552 - Vittorio Medioli
Mesmo sem a influência do tráfico de drogas, haveria, sim, problemas de ordem de segurança pública no Rio de Janeiro e no resto do país, mas infinitamente menores.
Os lucros dos traficantes são exorbitantes, permitem manter milícias armadas e treinadas para sitiar, como, na realidade, já sitiam, 900 favelas da "Cidade ex-Maravilhosa". Passaram, em seguida, a "colonizar" dezenas de milhares de outras favelas nos principais centros urbanos, chegando rapidamente ao interior dos Estados e até as regiões de baixo IDH, aparentemente impróprias para se estabelecerem negócios lucrativos.
Favelas, não pela índole simples de seus habitantes, mas pelos seus meandros imprevisíveis e pela endêmica ausência dos poderes constituídos, prestam-se como toca do tráfico. Instala-se nessa realidade a lei do mais forte, do pior marginal que, em seguida, é mantida por ele até com gestos de filantropia, com um controle rígido do trânsito de pessoas. Eles colocam "ordem" na desordem, influenciam a eleição de vereadores e deputados. Sob a égide de seu controle, desaparecem os ladrões, já que conflitam com as drogas e atraem a polícia.
Na escalada do tráfico, pequenas, mas intensas modificações sociais acontecem. Traficante graduado é um ente poderoso, respeitado e até desejado pelas donzelas da comunidade. Distribui alimentos, organiza festas, "emprega" jovens. Não poderíamos imaginar que a grandiosidade do "problema" fosse fruto do acaso. O esforço que o tráfico teve para encastelar é o mesmo que despende a cada dia para se manter no poder.
O tráfico, reconhecem os analistas sociais, cresce como rizoma - novos brotos vingam de suas raízes e se espalham por todo lado. Poucos aprendizes de bandido, uma sacola de pedras de crack, alguns quilos de maconha e o "negócio" está pronto para funcionar e se multiplicar numa área social, sem entraves de burocracia, notas fiscais, tributos e complicações legais. Se o cidadão é tratado com a dureza das leis, nada disso acontece com o traficante.
Ainda conta com a banda podre das polícias, mas isso é ficha pequena num jogo monumental.
Tráfico é consequência, prestação de serviço, distribuição de produtos. As causas da calamidade são o produtor e o consumidor. Traficantes não passam de um setor terceirizado, do elo entre produtor de entorpecentes e consumidores. Exatamente nos usuários, nos curtidores de drogas se encontra o dinheiro que movimenta o sistema. Como fenômeno econômico, antes de analisá-lo pelo aspecto demolidor da sociedade, o consumo de droga se deve ao cliente. Se Coca-Cola, Skol, Marlboro existem e compravam nichos de mercados, não é pela indispensabilidade que representam, mas, afinal, pela existência de pessoas que gastam parte expressiva de suas finanças na compra de seus produtos, apesar de inúteis e danosos à saúde humana.
Pesam certamente na facilidade com que se expande o consumo de droga a ausência do Estado, as políticas relapsas e lenientes. Até as relações internacionais com a Bolívia do líder cocaleiro Evo Morales têm um efeito devastador, já que o país vizinho se ergue como o maior produtor não só de folhas, mas de pasta que passa a ser escoada para o resto do mundo via portos brasileiros. Realidade é que não existe um controle sério, qualquer repressão sistematizada ao descalabro, e, se a PF se destacou na caça do crime de colarinho branco, não registrou a mesma eficiência no combate ao tráfico, sobrecarregando as polícias estaduais com uma repressão que, em nível local, apenas empurra o problema para o vizinho.
Drogas se combatem em nível nacional, com o fechamento das fronteiras, por ações coordenadas de todas as polícias, ou nada adiantará culpar um Estado ou um município pela proliferação, ainda colocando-o a tratar de multidões de dependentes.
Porém, uma sociedade, e nela se incluem em primeira linha seus representantes políticos, deve questionar, com frieza e justiça, a chaga das drogas. É justo manter o consumidor num limbo que o considera apenas como vítima? Exatamente ele que dá sustento e razão de existir desse inferno que incendeia a mídia do mundo inteiro e coloca o Brasil de vilão.
Seria melhor adotar uma lei mais dura? Levar esse financiador do esquema à responsabilidade de se tratar, ainda de prestar serviços sociais, vestindo uma mortalha estampada "estou tentando me recuperar"?. Verdade que alguns estão pra lá da possibilidade de resgatarem sua condição de normalidade, mas muitos, talvez a maioria, enquadram-se exatamente na categoria do usuário abastado, "festeiro" e irresponsável.
Ideias nesse sentido correm, ainda envergonhadas. Bom seria levá-las a sério.
Mesmo sem a influência do tráfico de drogas, haveria, sim, problemas de ordem de segurança pública no Rio de Janeiro e no resto do país, mas infinitamente menores.
Os lucros dos traficantes são exorbitantes, permitem manter milícias armadas e treinadas para sitiar, como, na realidade, já sitiam, 900 favelas da "Cidade ex-Maravilhosa". Passaram, em seguida, a "colonizar" dezenas de milhares de outras favelas nos principais centros urbanos, chegando rapidamente ao interior dos Estados e até as regiões de baixo IDH, aparentemente impróprias para se estabelecerem negócios lucrativos.
Favelas, não pela índole simples de seus habitantes, mas pelos seus meandros imprevisíveis e pela endêmica ausência dos poderes constituídos, prestam-se como toca do tráfico. Instala-se nessa realidade a lei do mais forte, do pior marginal que, em seguida, é mantida por ele até com gestos de filantropia, com um controle rígido do trânsito de pessoas. Eles colocam "ordem" na desordem, influenciam a eleição de vereadores e deputados. Sob a égide de seu controle, desaparecem os ladrões, já que conflitam com as drogas e atraem a polícia.
Na escalada do tráfico, pequenas, mas intensas modificações sociais acontecem. Traficante graduado é um ente poderoso, respeitado e até desejado pelas donzelas da comunidade. Distribui alimentos, organiza festas, "emprega" jovens. Não poderíamos imaginar que a grandiosidade do "problema" fosse fruto do acaso. O esforço que o tráfico teve para encastelar é o mesmo que despende a cada dia para se manter no poder.
O tráfico, reconhecem os analistas sociais, cresce como rizoma - novos brotos vingam de suas raízes e se espalham por todo lado. Poucos aprendizes de bandido, uma sacola de pedras de crack, alguns quilos de maconha e o "negócio" está pronto para funcionar e se multiplicar numa área social, sem entraves de burocracia, notas fiscais, tributos e complicações legais. Se o cidadão é tratado com a dureza das leis, nada disso acontece com o traficante.
Ainda conta com a banda podre das polícias, mas isso é ficha pequena num jogo monumental.
Tráfico é consequência, prestação de serviço, distribuição de produtos. As causas da calamidade são o produtor e o consumidor. Traficantes não passam de um setor terceirizado, do elo entre produtor de entorpecentes e consumidores. Exatamente nos usuários, nos curtidores de drogas se encontra o dinheiro que movimenta o sistema. Como fenômeno econômico, antes de analisá-lo pelo aspecto demolidor da sociedade, o consumo de droga se deve ao cliente. Se Coca-Cola, Skol, Marlboro existem e compravam nichos de mercados, não é pela indispensabilidade que representam, mas, afinal, pela existência de pessoas que gastam parte expressiva de suas finanças na compra de seus produtos, apesar de inúteis e danosos à saúde humana.
Pesam certamente na facilidade com que se expande o consumo de droga a ausência do Estado, as políticas relapsas e lenientes. Até as relações internacionais com a Bolívia do líder cocaleiro Evo Morales têm um efeito devastador, já que o país vizinho se ergue como o maior produtor não só de folhas, mas de pasta que passa a ser escoada para o resto do mundo via portos brasileiros. Realidade é que não existe um controle sério, qualquer repressão sistematizada ao descalabro, e, se a PF se destacou na caça do crime de colarinho branco, não registrou a mesma eficiência no combate ao tráfico, sobrecarregando as polícias estaduais com uma repressão que, em nível local, apenas empurra o problema para o vizinho.
Drogas se combatem em nível nacional, com o fechamento das fronteiras, por ações coordenadas de todas as polícias, ou nada adiantará culpar um Estado ou um município pela proliferação, ainda colocando-o a tratar de multidões de dependentes.
Porém, uma sociedade, e nela se incluem em primeira linha seus representantes políticos, deve questionar, com frieza e justiça, a chaga das drogas. É justo manter o consumidor num limbo que o considera apenas como vítima? Exatamente ele que dá sustento e razão de existir desse inferno que incendeia a mídia do mundo inteiro e coloca o Brasil de vilão.
Seria melhor adotar uma lei mais dura? Levar esse financiador do esquema à responsabilidade de se tratar, ainda de prestar serviços sociais, vestindo uma mortalha estampada "estou tentando me recuperar"?. Verdade que alguns estão pra lá da possibilidade de resgatarem sua condição de normalidade, mas muitos, talvez a maioria, enquadram-se exatamente na categoria do usuário abastado, "festeiro" e irresponsável.
Ideias nesse sentido correm, ainda envergonhadas. Bom seria levá-las a sério.
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